Revista Supply Chain Magazine
Canal do Suez bloqueado há mais de 20 horas
(24 de Março de 2021)
O navio “Ever Given” do Operador Marítimo Evergreen encalhou esta 3.ª feira, dia 23 de Março, às 0500 LT na passagem do Canal do Suez quando estava em trânsito em direccão a Roterdão (procedente da China) – Rota do “Far-East”.
Trata-se de um navio de 20.000 TEU, com 399,94 metros de comprimento “fora a fora” e 59 metros de boca. Calava cerca de 15,7 metros de profundidade. Apesar das notícias iniciais apontarem para uma falha de energia a bordo, representantes do Operador Evergreen vieram clarificar que se tratou de um “golpe de vento” que incidiu sobre o costado do navio e determinou o seu atravessamento longitudinal e encalhe no Canal.
As Autoridades do Canal do Suez ainda não se pronunciaram sobre o acidente e temos que ser algo cépticos face às causas apontadas. A Causa de Mar é mais vantajosa em termos de Seguros Marítimos do que a Avaria Técnica.
No momento que estamos a reportar o sucedido, já passaram quase 20 horas sobre o encalhe e os sete rebocadores ao costado ainda não conseguiram desencalhar o navio. Nem a aparente deslocação de areias à popa (a partir de terra) permitiu o desencalhe.
O impacto da altura de maré pode ser determinante o que torna algo difícil de explicar que ainda não tenha sido desencalhado o navio. A maior parte dos acidentes deste tipo no Canal do Suez são resolvidos num período entre seis a doze horas.
O navio era o 5.º de 20 navios num comboio em trânsito para Norte. Os primeiros 4 seguiram viagem mas os restantes 15 tiveram de ancorar a aguardar o desencalhe do navio da Evergreen. Também o comboio em direção a Sul foi interrompido. Em termos médios passam 52 navios por dia no Suez e já começa a ser significativo o número de navios fundeados a aguardar a reabertura do Canal.
Não temos dúvidas que este acidente vai relançar a discussão sobre o aumento da dimensão dos navios – “How Big is too Big” -. Não estará o navio sobredimensionado para as dimensões do Canal?
Fará sentido a incessante procura de economias de escala (redução dos custos unitários de transporte por aumento da dimensão dos navios, quando não estão assegurados os standards mínimos de segurança em infraestrutruras marítimo-portuárias?
Os próximos tempos serão de reflexão sobre esta temática. Entretanto estão a ser entregues navios de 23.756 TEU. O mercado continua “louco”. Os navios não param de aumentar de dimensão e os fretes também não.
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